A semana de 8 a 12 de dezembro de 2025 trouxe movimentos fortes em três ações que contam histórias bem diferentes da bolsa brasileira: IRB Brasil (IRBR3), em plena fase de reprecificação após anos difíceis; Copasa (CSMG3), no centro de um processo de privatização; e Vale (VALE3), que segue como referência em commodities e dividendos. Os gráficos semanais mostram mudanças relevantes de tendência e ajudam a entender por que esses papéis chamaram tanto a atenção do mercado.
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IRB Brasil Resseguros (IRBR3): de problema crônico a case de dividendos
O IRB foi o grande destaque da semana, com alta próxima de 10%. O gatilho veio de um grande banco internacional que elevou a recomendação para compra, subiu o preço-alvo de R$ 54 para R$ 64 e colocou a ação entre as preferidas do setor.
Nos resultados recentes, o IRB reportou lucro líquido de R$ 99 milhões no 3T25. Em relação ao ano anterior há queda, mas o número de 2024 foi inflado por um ganho não recorrente com venda de terreno. Ajustando esse efeito, a qualidade do lucro melhora bastante. O resultado financeiro cresceu em 12 meses, o índice de solvência está confortável (suficiência de capital acima de 200%) e a companhia eliminou a linha de prejuízos acumulados.
A parte mais interessante para o mercado está na política de distribuição: projeções indicam payout crescente, chegando perto de 90% do lucro em alguns anos, com dividend yields estimados em dois dígitos. Depois de um longo período de desconfiança, o papel começa a ser visto como potencial gerador de renda recorrente.
Uma vela semanal que redefine o patamar do ativo
No gráfico semanal, IRBR3 rompeu a região dos R$ 50, fechou em torno de R$ 52 e passou a negociar acima das médias móveis de 50 e 200 semanas (na faixa dos R$ 45–48). O MACD semanal está positivo, com histograma em alta, sinalizando ganho de momentum. A antiga resistência perto dos R$ 50 vira primeiro suporte; a faixa entre R$ 54 e R$ 64 aparece como próximo corredor de resistência e zona provável de realização de lucros.
Copasa (CSMG3): Resultados sólidos com “opção” de Privatização
A Copasa vem de uma sequência impressionante de valorização e manteve o ritmo nesta semana. O papel é hoje um dos principais veículos para quem quer se posicionar na tese de privatização em Minas Gerais.
O movimento não está baseado apenas em rumores. A PEC que permite a privatização já foi aprovada em primeiro turno na Assembleia Legislativa, e a empresa fechou uma carta de intenções com a Prefeitura de Belo Horizonte, seu maior cliente. Esse acordo estende a concessão até 2073, prevê outorga bilionária, regras de partilha de ganhos de eficiência e ajustes no custo de capital regulatório. Em outras palavras, aumenta a visibilidade de receitas e torna o ativo mais “redondo” para uma eventual venda.
Do lado operacional, o 3T25 mostrou lucro de cerca de R$ 361 milhões, receita líquida ao redor de R$ 1,84 bilhão e Ebitda ajustado perto de R$ 727 milhões, com margens estáveis. A companhia ainda projeta um plano robusto de investimentos para os próximos anos, voltado à expansão de esgoto e manutenção da rede, o que sustenta crescimento mesmo sem privatização. A combinação de números saudáveis hoje com o potencial de eficiência e múltiplos mais altos no cenário privatizado é o que gera a assimetria que muitos analistas veem em CSMG3.
Um gráfico semanal que mostra uma tendência forte e contínua

Tecnicamente, o gráfico semanal mostra uma tendência de alta bem definida. Depois de um longo período lateral, o papel disparou da região dos R$ 26–28 para perto dos R$ 40–44, com várias velas positivas em sequência. A média de 50 semanas ficou bem abaixo do preço atual e a de 200 semanas começa a se inclinar para cima, confirmando a mudança de ciclo. O MACD semanal está forte, com linhas abertas e histograma alto. A área dos R$ 40 funciona como primeiro suporte relevante; as máximas recentes em torno de R$ 43–44 marcam a zona de resistência que o mercado vai monitorar à medida que o noticiário político avança.
Vale (VALE3): Disciplina de Capital em Meio à Volatilidade das Commodities
A Vale teve uma performance semanal mais moderada que IRB e Copasa, mas continua essencial para entender o humor da bolsa brasileira. A mineradora segue entregando lucros elevados e forte geração de caixa, apoiada em preços de minério de ferro que permanecem acima dos US$ 100 por tonelada.
No 3T25, a companhia reportou lucro líquido próximo de US$ 2,7 bilhões, com crescimento de dois dígitos ano a ano e frente ao trimestre anterior. A receita superou US$ 10 bilhões e o Ebitda ajustado ficou em torno de US$ 4,4 bilhões, mostrando margens ainda confortáveis. O fluxo de caixa livre recorrente avançou e a dívida líquida expandida caiu para cerca de US$ 16,6 bilhões, dentro da faixa-meta de 10 a 20 bilhões de dólares definida pela própria Vale.
Essa disciplina permite manter uma política de proventos robusta. O pagamento anunciado recentemente, somando dividendos e juros sobre capital próprio de cerca de R$ 3,5 por ação, representa um dividend yield expressivo. A companhia ainda combina essa remuneração com programas de recompra, o que reforça a percepção de que o foco atual é geração de valor para o acionista, e não expansão a qualquer custo.
Um gráfico semanal em consolidação após um rali expressivo

No gráfico semanal, VALE3 saiu de uma lateralização longa na região dos R$ 56–60 e avançou para a faixa dos R$ 70–72. O preço rompeu as médias de 50 e 200 semanas para cima; agora, porém, trabalha num padrão de consolidação, oscilando entre aproximadamente R$ 68 e R$ 72. O MACD segue positivo, mas com desenho mais suave, típico de um papel de grande capitalização. Enquanto a cotação se mantiver acima da zona dos R$ 68, a estrutura técnica permanece construtiva. Um rompimento consistente da faixa dos R$ 72 abre espaço para buscar topos anteriores na região dos R$ 74–78.
Conclusão
A primeira é que o IRB consolidou a transição de “caso problemático” para potencial história de dividendos altos, com balanço mais limpo, solvência confortável e reprecificação em curso no gráfico semanal. A segunda é que a Copasa materializou uma das teses mais interessantes do momento, combinando resultados operacionais sólidos com um processo de privatização que já não depende apenas de expectativas vagas, mas que avança com marcos concretos.
A terceira mensagem vem da Vale e é de natureza mais estrutural: disciplina de capital, fluxo de caixa forte e política consistente de dividendos. Em conjunto, essas três histórias explicam por que, numa semana com tanta notícia relevante, IRB, Copasa e Vale foram os protagonistas naturais da bolsa brasileira.
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