- Trump ameaça impor uma tarifa de 50% sobre todas as importações do Brasil a partir de 1º de agosto.
- O USD/BRL reagiu com um gap de alta de 1,46% na abertura, enquanto os futuros do café arábica tiveram um ganho parcial de 4,76% no meio da sessão de 10 de julho.
- Essa tarifa pode prejudicar muito o setor cafeeiro dos EUA, elevando os preços finais ao consumidor e forçando as empresas do setor a procurar outra fonte de suprimento, ou então absorver parte do impacto em sua estrutura de custos.
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Trump ameaça o Brasil com tarifas de 50%
Depois de uma pausa inicial em abril, o prazo do presidente dos EUA para impor suas tarifas “recíprocas” terminou nesta semana, portanto, houve uma enxurrada de atividades.
Em um dos anúncios mais controversos, Trump sinalizou sua intenção de impor uma tarifa de 50% sobre todas as importações do Brasil.
Os impostos, que entrariam em vigor a partir de 1º de agosto, foram, em parte, uma resposta à indignação de Trump com os supostos maus-tratos ao ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, seu aliado político no país sul-americano.
Trump escreveu na carta enviada ao governo brasileiro para notificá-lo sobre as novas tarifas que o tratamento dado a Bolsonaro, que está sendo julgado por tentativa de golpe, é, em sua opinião, “uma vergonha internacional”.
Uma tarifa de 50% sobre o Brasil faz sentido?
As taxas de 50% seriam as mais altas em uma série de cartas enviadas por Trump nesta semana, emitidas após sua decisão de adiar até 1º de agosto o prazo para a implementação de suas tarifas.
Analistas sugeriram que a medida tem mais motivação política do que comercial. O Brasil é o décimo quinto maior parceiro comercial dos Estados Unidos e um importador líquido de produtos americanos, o que indica pouco sentido econômico no anúncio.
Que efeitos podem ter as tarifas de Trump sobre o Brasil?
As tarifas de 50% propostas por Trump sobre todas as importações brasileiras, que entrariam em vigor em 1º de agosto, teriam consequências comerciais e econômicas significativas tanto para o Brasil quanto para os Estados Unidos:
- Aumento dos preços ao consumidor. Uma tarifa de 50% aumentaria diretamente o custo dos produtos brasileiros no mercado americano, resultando em preços mais altos para os consumidores americanos de produtos como café, suco de laranja e outras commodities agrícolas que o gigante amazônico exporta.
- Interrupção das cadeias de suprimentos. As empresas norte-americanas que dependem das importações brasileiras enfrentarão custos mais altos e possíveis interrupções em seus suprimentos, forçando-as a buscar fontes alternativas, potencialmente mais caras, ou a absorver o aumento dos custos, reduzindo suas margens de lucro.
- Retaliação e mais guerra comercial. O presidente brasileiro Lula da Silva indicou que o Brasil implementaria “medidas recíprocas”, o que poderia levar a uma guerra comercial mais ampla que prejudicaria ambas as economias.
- Impacto nos preços do café. O Brasil é o maior produtor de café do mundo e um dos principais fornecedores dos EUA. Uma tarifa de 50% aumentaria drasticamente o preço do café brasileiro nos EUA, distorcendo o mercado mundial de café no processo.
- Impacto econômico sobre o Brasil. Os exportadores brasileiros enfrentariam uma desvantagem significativa no mercado dos EUA, o que poderia levar a uma redução nos volumes de exportação, a uma desaceleração econômica e à perda de empregos no Brasil.
Qual foi a Reação do USD/BRL e dos Preços do Café?
Vamos primeiro dar uma olhada no gráfico diário do par USD/BRL, cortesia da corretora FP Markets:
- A primeira reação do mercado foi abrir a sessão do dia 10 de julho com um gap de alta de 1,46% em relação ao fechamento anterior.
- De fato, a taxa de câmbio atingiu uma alta relativa de 5,65282 reais, rompendo a média de 50 dias (5,61825 reais). Isso não acontecia desde 30 de maio.
- Neste momento, o USD/BRL está sendo negociado a 5,59039 reais, de modo que a diferença vem se fechando na primeira parte do pregão.
- Essa distorção pode pôr fim à tendência de baixa que vem sendo observada desde meados de dezembro de 2024. O indicador RSI até mesmo ultrapassou seu nível médio e agora está em 53,02. Essa quebra do nível neutro de 50 não é vista desde o início de junho de 2025.
- O índice do dólar reflete um aumento desde o início de julho e está sendo negociado a 97,754 pontos.
A seguir, vamos dar uma olhada no gráfico diário dos contratos futuros de café Arábica (ICEUS: KC) e Robusta (ICEUS: RC):
- Quanto ao mercado de café arábica, estamos observando um aumento de 4,76% na sessão, de modo que certamente há um impacto concreto dos anúncios de Trump.
- Se essas tarifas forem finalmente colocadas em vigor no próximo mês, isso poderá culminar com a tendência de queda observada nos preços do café nos últimos meses.
- O café Robusta, no painel inferior, está sendo negociado a US$ 3,389 por tonelada métrica e caiu bastante no dia. Isso pode ser devido ao fato de que as exportações para os Estados Unidos estão concentradas na variedade arábica.
Trump também anunciou que imporia uma tarifa de 50% sobre o cobre importado, reiterando uma declaração que fez recentemente.
Ele escreveu nas mídias sociais que havia recebido um relatório de segurança nacional detalhando a importância do metal vermelho, um dos principais fornecedores é outro país da região, o Chile, que também se desvinculou da esfera geopolítica de Washington.
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O que esperar das tarifas de Trump?
Embora as incertezas comerciais ainda persistam, os principais índices de ações dos EUA continuam a oscilar em torno de recordes de alta. Por quê?
Para muitos analistas, o principal motivador do recente avanço é a crença de que as tarifas serão diluídas dos níveis atuais de ameaça ou não terão um efeito tão prejudicial sobre a inflação.
Também se espera que outros setores da economia movimentem os preços como um todo em uma direção desinflacionária, abrindo a porta para que o Fed retome a flexibilização da política monetária e reduza a taxa de juros em pelo menos 50 pontos-base no segundo semestre do ano.
Quanto às tarifas dos EUA, a ideia de vincular a política comercial a uma questão doméstica em outro país representa uma intrusão nos assuntos de outro estado e, economicamente, parece desproporcional.
É provável que, como de costume, Trump queira obter mais vantagem na negociação com o país amazônico, introduzindo um elemento de pressão. No entanto, é lógico que, no final, os dois países acabarão chegando a um acordo sobre a questão comercial.
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